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Suspensas I Jornadas Internacionais sobre Sustentabilidade Económica dos Espaços Ordenados e Protegidos no PNPG

O Clube Português de Monteiros anunciou hoje à Lusa a suspensão das I Jornadas Internacionais sobre Sustentabilidade Económica dos Espaços Ordenados e Protegidos, previstas para os dias 13 e 14 de abril, em Arcos de Valdevez.

 

Em resposta escrita ao pedido de esclarecimento hoje enviado pela Lusa, o presidente daquela associação, Artur Torres Pereira, invocou “razões técnicas” para a suspensão do evento.

 
 

Na semana passada, em comunicado, o Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS) pediu à Câmara de Valdevez a anulação das jornadas, alegando serem “propaganda de caça”, promovida por associações ligadas à caça.

Em causa está a preservação da cabra-brava do Gerês, que o FAPAS diz ter sido dada como extinta em 1892 “devido ao excesso de caça” e que “regressou a Portugal em 1998.

 
 

“Ao fim de 20 anos de repovoamento da espécie, já a querem caçar, provavelmente para a levar de novo à extinção”, frisou a organização ambientalista.

Na quinta-feira, durante o debate mensal no parlamento, o deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), André Silva, questionou o primeiro-ministro sobre o assunto, considerando a situação “muito grave” e adiantando que o objetivo das jornadas passaria por “voltar a caçar a cabra montês” no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).

 

André Silva referiu que “mais grave ainda” era “a anunciada presença do ministro do Ambiente no evento”.

Na resposta, António Costa disse que nem o ministro do Ambiente nem outro membro do governo “apadrinhará ou estará presente no evento”.

 

Segundo o FAPAS, as jornadas entretanto suspensas, eram “promovidas pelo Clube Português de Monteiros e o Safari Clube Internacional – Lusitânia Chapter”, com “o apoio do município de Arcos de Valdevez, do Ministério da Agricultura, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), do Turismo do Norte e com a anunciada presença do ministro do Ambiente e do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural”.

A Vieiradominho.tv questinou o ICNF sobre estas jornadas, e ás perguntas efectudas obteve a seguintes respostas:

 

Vai abrir a caça grossa no Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG)?


Não. O ordenamento de caça no PNPG está definido e estável há mais de 20
anos e não estão previstas ou em preparação alterações.

Segundo o cartaz, em anexo, estará o ICNF a preparar o PNPG para uso
cinegético das associações de caça mencionadas?

Não. O cartaz não refere em ponto algum que o ICNF está a preparar o PNG
para uso cinegético de quaisquer associações.

Gostava de perceber o porquê de duas organizações de caça organizarem estas Jornadas sobre a vocação cinegética do PNPG?
A questão deverá ser colocada às entidades organizadoras.

Gostaria de saber relativamente há ultima pergunta se o ICNF estava a par deste colóquio?
O ICNF participa nestas jornadas com uma intervenção intitulada
“Ordenamento e exploração de caça em Áreas Protegidas de âmbito nacional”, integrada num painel de debate sobre “Portugal, os espaços ordenados e a atividade cinegética, Parte I – O enquadramento”.

Face as respostas enviadas, o porquê do Instituto da Conservação da
Natureza e Florestas associar-se a um evento desta índole, que dá a
entender a abertura de caça grossa no PNPG, não será um contra senso?

A escolha do título da iniciativa compete aos seus organizadores. O
ordenamento de caça no PNPG está definido e estável há mais de 20 anos e não estão previstas ou em preparação alterações. O cartaz não refere em ponto algum que o ICNF está a preparar o PNG para uso cinegético de quaisquer associações.

Na resposta à Lusa, Artur Torres Pereira explicou que o objetivo das jornadas agora suspensas “era avaliar o estado atual do conhecimento sobre a cabra montesa, não só em Portugal, no território do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), mas também noutros territórios protegidos de outros países do mundo, em Espanha, em particular”.

“Para o efeito foi garantida a participação de especialistas, nacionais e estrangeiros, conhecedores da dinâmica populacional da espécie em todo o mundo e da importância do seu planeamento, da sua gestão e, da sua exploração para a preservação dos habitats das regiões onde ocorre (normalmente regiões deprimidas de montanha e de baixa densidade), e para a melhoria das condições de vida das populações envolvidas”, especificou.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez não quis comentar o assunto, remetendo a posição do município do distrito de Viana do Castelo para as declarações que prestou, na semana passada, na sequência do comunicado do FAPAS.

Na altura, João Manuel Esteves referiu que o tema das jornadas “é, e sempre foi, do interesse” do concelho de Arcos de Valdevez, integrado no PNPG “assim como deve ser um tema de interesse para todos”.

O autarca social-democrata adiantou que “a caça, desde que devidamente enquadrada na lei e na preservação da natureza é uma atividade, tal como é reconhecido por todos, de grande relevância económica”.

Nas redes sociais, um grupo de defensores dos direitos animais criou uma página intitulada “Pelo Nosso Único Parque Nacional Peneda-Gerês”, a convocar a população para uma manifestação, no 13 de abril das 12:00 às 15:00 nos Arcos de Valdevez.

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