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Missão InSight sobreviveu ao “sete minutos de terror” e chegou a Marte

Já aterrou em Marte a primeira missão da NASA a estudar as profundezas de outro planeta. InSight sobreviveu aos “sete minutos de terror”. Fez-se história na exploração espacial. E vai fazer-se mais.

 

Chegou à superfície de Marte a histórica missão InSight, a primeira a estudar as profundezas de outro planeta além da Terra. Eram 19h54 em Portugal Continental.

 
 

A missão da NASA, a agência espacial norte-americana, chegou esta segunda-feira às 19h54 a Marte para concretizar cinco tarefas nunca antes alcançadas: estudar as profundezas do planeta, instalar sismógrafos noutro planeta além da Terra, usar um braço robótico pela primeira vez noutro mundo para distribuir instrumentos, perfurar a superfície marciana a uma profundidade 15 vezes mais do que alguma vez foi feito e montar um magnetómetro em Marte. Tudo para sabermos mais sobre um planeta que muitos acreditam poder ser a nossa próxima morada. Ou então para sabermos mais (muito mais) sobre o passado, o presente e o futuro do nosso próprio planeta.

Tudo pode ser visto em direto e em 360º aqui em baixo. E quando dizemos “em direto” falamos literalmente: a boleia da missão InSight vai uma tecnologia chamada MarCO que filmou e transmitiu em direto, e pela primeira vez, a aterragem de uma sonda noutro planeta. MarCO é composto por duas pequenas naves espaciais com tecnologia minúscula que já deu provas de ter potencialidade ao longo do trajeto entre a Terra e Marte. Estamos perante “uma nova capacidade de comunicação para a Terra”, prevê a NASA.

 
 

Embora os objetivos da missão InSight sejam ousadas, a tecnologia por detrás da máquina não nos é completamente desconhecida. A sonda que chega esta noite a Marte foi concebida de acordo com a tecnologia já testada (e aprovada) pela missão Phoenix, uma nave espacial desenvolvida pela Lockheed Martin Space em 2008 que veio a aterrar junto ao pólo norte marciano. InSight tem um escudo térmico e um pára-quedas melhorado, mas o plano é muito semelhante ao traçado para o Phoenix: “Depois de se separar de um estágio de cruzeiro, um aeroescudo desce pela atmosfera. O pára-quedas e os retrofoguetes diminuem a velocidade da nave; e as pernas suspensas absorvem algum choque da aterragem”, descreve a NASA.

 

Tudo isto vai acontecer “no maior parque de estacionamento de Marte”, descreve a agência espacial norte-americana. Se tudo correr, o InSight vai terminar viagem em Elysium Planitia, a segunda região vulcânica mais extensa de Marte. Elysium é uma planície e, portanto, é um local muito mais estável e plano para receber uma missão que leva a bordo materiais tão sensíveis como o sismógrafo que medirá quão vivo está Marte. No entanto, antes e lá chegar, InSight terá vários obstáculos para ultrapassar.

Um dos primeiros desafios que a missão InSight vai enfrentar é aquele a que o rover Opportunity pode não ter sobrevivido: uma tempestade de areia. A NASA já admitiu que existe uma probabilidade considerável de InSight chegar a Marte precisamente no momento em que Elysium Planitia pode ser varrida por uma tempestade de areia capaz de tornar as condições climatéricas um pouco mais difíceis.

 

Para ter mais certezas sobre aquilo que a nova missão NASA vai enfrentar, a sonda Mars Reconnaissance Orbiter vai estar atenta à meteorologia marciana e enviar informações para a equipa em Terra. Se alguma coisa for difícil demais para a InSight, a equipa vai poder controlar o momento em que os pára-quedas da missão se abre e usar os radares para encontrar a superfície marciana.

No entanto, a agência espacial norte-americana diz que InSight está preparada para (quase) tudo: “Os engenheiros da InSight construíram uma espaçonave resistente, capaz de pousar com segurança em uma tempestade de poeira, se necessário. O protetor térmico da nave é projetado para ser espesso o suficiente para suportar ser atingido por poeira suspensa. Ele também tem um pára-quedas que foi testado para ser mais forte que o de Phoenix, no caso de enfrentar mais resistência do ar devido às condições atmosféricas esperadas durante uma tempestade de poeira.

 

Afinal, o que são os “sete minutos de terror”?
Mesmo com o Mars Reconnaissance Orbiter a servir de olhos para a missão InSight, a tarefa não vai ser simples. A sonda vai atravessar a atmosfera marciana a uma velocidade de 19,8 mil quilómetros por hora, mas vai ter de a diminuir para apenas oito quilómetros por hora em apenas sete minutos. São os “sete minutos de terror” porque, durante essa fase, nada está nas mãos da equipa InSight que fica em Terra: tudo depende da capacidade que a sonda tem para sobreviver à entrada na atmosfera. E da hospitalidade marciana.

In: Observador/Marta Leite Ferreira

Foto: NASA/ JPL

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