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Conferência episcopal desautoriza arcebispos de Braga e de Évora relativamente à Rádio Sim

O episcopado manifestou esta terça-feira “confiança” ao Grupo Renascença Multimédia na decisão de encerrar (“descontinuar”) a Rádio Sim, uma estação destinada a um auditório mais idoso que não obteve, nas audiências, os resultados pretendidos, noticia o Diário de Notícias.

 

Segundo o Diário de Notícias, a tomada de posição foi manifestada pelo porta-voz da Conferência Episcopal, padre Manuel Barbosa, depois de uma reunião do Conselho Permanente deste órgão de cúpula na hierarquia da Igreja Católica portuguesa.

 
 

Em conferência de imprensa, Manuel Barbosa acrescentou ainda outro comentário: “O processo [de encerramento da Sim] já vem de há muito tempo”. Um comentário relevante tendo em conta que este caso expôs claramente uma guerra entre bispos.

De um lado está um bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, presidente do Conselho de Gerência da Renascença, figura em ascensão na hierarquia e muito próxima do cardeal patriarca Manuel Clemente, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). E do outro dois pesos pesados na hierarquia, os arcebispos de Braga e de Évora, respetivamente Jorge Ortiga e Francisco José Senra Coelho. Os três integram a CEP – mas nenhum o Conselho Permanente que hoje reuniu.

 
 

“O arcebispo [de Braga, Jorge Ortiga] acolheu com apreensão e surpresa a decisão, por parte da gerência da Rádio Renascença, de ‘descontinuar’ a Rádio Sim.”

Relevante para o caso é saber-se que o Grupo Renascença tem como acionistas a CEP e o Patriarcado de Lisboa. Ou seja, o encerramento da Rádio Sim foi discutido na CEP antes de a decisão ser posta em prática. Foi por isso com grande irritação que o bispo Américo Aguiar e outros prelados de Lisboa ouviram o arcebispo de Braga, Jorge Ortiga, criticar a decisão do encerramento da estação e invocar mesmo “surpresa” com a decisão.

 

“O Arcebispo acolheu com apreensão e surpresa a decisão, por parte da gerência da Rádio Renascença, de ‘descontinuar’ a Rádio Sim.”, lia-se num comunicado publicado em 5 de janeiro no site da diocese. “Num tempo em que cresce o número de idosos em Portugal, a Igreja deveria ser-lhes próxima, produzindo conteúdos que lhes proporcionassem companhia e os ajudassem, muito concretamente, a viver, aprofundar e a celebrar a fé. Bem como a serem informados sobre a atualidade da Igreja.”

“A nossa arquidiocese [de Évora] não foi convidada a participar em qualquer encontro que tenha a ver com esta decisão.”

 

Dias depois, à voz crítica vinda de Braga somou-se a do arcebispo de Évora. Também através do site oficial, o arcebispo Senra Coelho assegurou que nunca a sua arquidiocese foi “convidada a participar em qualquer encontro que tenha a ver com esta decisão”.

E acrescentava: “Claro que o desaparecimento da ‘Rádio Sim’, provoca um vazio e empobrecimento da presença da amizade e solidariedade cristã feita companhia junto destas nossas camadas populacionais. Certos que os laços humanos estabelecidos entre a ‘Rádio Sim’ e estas pessoas foram excelentes e continuam a fazer falta, agradecemos aos técnicos nacionais pelo excelente trabalho realizado. Claro que nos fica a interpelação de como continuar este trabalho, a todos pedimos oração para que o Senhor interceda por nós e nos inspire, na certeza de que não ficaremos parados.”

 

O arcebispo de Évora introduziu no entanto uma nota de apaziguamento em relação ao bispo auxiliar presidente da Renascença, Américo Aguiar: “Comungamos com o Conselho de Gerência da Emissora Católica Portuguesa o sofrimento que decisões como esta acarretam. A experiência comum que nos uniu ao longo destas dezenas de anos poderá ser sementeira de novos desafios assumidos em comum. Ficamos a aguardar, pois conhecemos a enorme capacidade criativa da Rádio Renascença que todos amamos.”

Esta terça-feira, o Conselho Permanente da CEP, ao manifestar “confiança” na administração do Grupo Renascença e ao acrescentar que “este processo já vem de há muito tempo” tenta pôr uma pedra no assunto.

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