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Portugal fez a sua melhor classificação no maior concurso de chinês

Henrique Pinto, da Universidade do Minho, obteve a melhor classificação de sempre de Portugal no “Chinese Bridge”, o maior concurso mundial de língua chinesa, em Changsha, sul da China. O aluno do mestrado em Estudos Interculturais Português/Chinês e do Instituto Confúcio ficou apenas a um ponto de estar na fase final, entre os 30 melhores do mundo. No entanto, o bracarense de 31 anos recebeu o prémio do júri “Outstanding Elegant Demeanor”, pela sua prestação global, tendo direito a uma bolsa de mérito e viagem. O concurso reuniu 144 campeões nacionais universitários de mandarim de 112 países, foi promovido pelo instituto público chinês Hanban e terá grande destaque na segunda maior televisão chinesa, a Hunan Weishi, a partir do final de agosto.

 

 

 
 

 

 
 

Henrique Pinto venceu a eliminatória portuguesa em maio e chegou à Ásia com muitas expetativas, apesar da exigência acrescida. “Ir à final seria inédito e mostraria o que já evoluímos na formação em mandarim. Iniciei a prova a meio da poule europeia, que tinha 47 concorrentes, depois recuperei muitos lugares e acabei em oitavo, com mais de 100 pontos, só a um do apuramento. Não atingi o objetivo por um triz, mas toda a experiência valeu a pena, sinto-me contente pelo que fiz e honrado pela oportunidade”, resumiu.

 

 

 

 

A sua participação começou com um quiz geral sobre a língua e cultura da China. Seguiu-se um discurso de tema livre: as ligações China/Portugal no futebol, que estuda no mestrado. “O futebol terá nascido no Período dos Estados Combatentes (475 a.C.-221 a.C.) na China, com o nome cuju. Na minha intervenção falei também de adorar este desporto desde criança, do seu impacto na imagem exterior de Portugal, da evolução da liga profissional chinesa, de eu querer ser tradutor junto de equipas ou atletas e, no final, doei um cachecol autografado pelos jogadores da seleção portuguesa”, sorriu.

Henrique Pinto fez ainda uma apresentação sobre fado e depois cantou e tocou à viola a balada chinesa “Piao yang guo hai lai kan ni” (traduzindo, “atravessei os sete mares para te ver”). O último desafio foi adivinhar palavras através de gestos ou expressões, acertando em quase todas. “Dei o máximo e acreditei até ao fim. Estou agradecido por ter representado Portugal e espero que as instituições envolvidas cativem mais estudantes portugueses, preparando-os ainda melhor para as provas – e procurarei ajudar no que puder”, frisou. Aliás, há outras mais valias além-concurso – na sua ida ao gigante asiático, Henrique melhorou os conhecimentos do chinês e abriu os horizontes, visitando a Grande Muralha, a Praça de Tiananmen e a Cidade Proibida, em Pequim, ou vivenciando o clima agressivo e os pratos picantes de Changsha.

 

 

Ponte entre treinadores e futebolistas

 

Professor e músico, Henrique Pinto chegou só há quatro anos às Línguas Orientais, após passar por Design e Informática: “Nunca pensei que a vida tomaria este rumo!”. Está a acabar a dissertação de mestrado, “Treinadores de futebol portugueses e a China – uma perspetiva intercultural”. Quer ser uma ponte linguística e cultural entre treinadores lusos e jovens jogadores chineses, “cá ou lá”. No primeiro ano do curso aprofundou o fenómeno na Universidade Sun Yat-sem, em Zhuhai, perto de Macau.

 

Há dezenas de treinadores portugueses em clubes daquele país e academias de formação de figuras como Luís Figo ou do Benfica e Sporting e até de clubes da primeira liga, como o Shandong Luneng e Tianjin Teda. Também se perspetivam academias de jovens chineses entre nós. O Presidente Xi Jinping é fã do desporto-rei e pôs em marcha um plano para o desenvolver na China, definindo-o como obrigatório nas aulas de Educação Física e promovendo a construção de escolas de formação e campos de futebol. Os próprios asiáticos já decoraram os nomes Muliniao (Mourinho), C luo (Cristiano Ronaldo) e Putaoya (Portugal).

 

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