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‘A VIDA MODERNA TORNOU-SE INSUSTENTÁVEL PARA AS FAMÍLIAS’

É, simultaneamente, uma realidade dos nossos dias e o nome do mais recente livro do pediatra Mário Cordeiro, lançado hoje em Lisboa. Pais Apressados, Filhos Stressados é um guia simples para saber tudo o que pode fazer para mudar a sua vida antes que ela o faça perder a cabeça. E a dos seus filhos.

 

Todos os pais sabem que um dia é pouco para madrugar, correr para o duche, arranjar os miúdos, levá-los à escola, voar para o emprego, trabalhar sem pausas, ir buscar os filhos, ajudá-los a fazer os trabalhos de casa, dar-lhes banho, um jeito à casa, preparar jantar e lanches para o dia seguinte, um stress infinito. Ainda que trabalhem 12 horas, há sempre encargos pendentes que os fazem agarrar-se de novo ao computador e ao telemóvel mal chegam a casa, sem cabeça para nada, nem mesmo para os filhos – sobretudo para os filhos.

 
 

Os outros com quem implicamos são também, com frequência, as pessoas que mais amamos.

“Nunca, na história da humanidade, houve tanta qualidade de vida como agora, e no entanto o ritmo moderno tornou-se insustentável”, lamenta o pediatra Mário Cordeiro, para quem alguma coisa terá de mudar antes que as famílias colapsem. “A sociedade do facilitismo acabou por ter como efeito secundário pensarmos que somos quase deuses, omnipotentes, com o mundo a girar à volta do nosso umbigo. Porém, como isso não acontece, geram-se frustrações, raiva, mal-estar e uma vitimização que ainda piora mais as coisas e nos faz implicar com os outros”, diz o especialista, lembrando que esses outros são, com frequência, as pessoas que mais amamos.

 
 

Foi a pensar neste stress familiar desmedido, e em todas as pequenas coisas que os pais podem fazer no dia-a-dia para não sucumbirem à tirania do relógio, que Mário Cordeiro escreveu Pais Apressados, Filhos Stressados (ed. Desassossego), lançado hoje às 18h30 no El Corte Inglés de Lisboa, com apresentação de Tânia Ribas de Oliveira e Ana Marques. “Se há algo que não podemos esquecer é que são as crianças quem mais sofre com os modelos que têm em casa”, reforça o pediatra.

Pais Apressados, Filhos Stressados é o mais recente livro do pediatra Mário Cordeiro (ed. Desassossego, 240 páginas, 16,60 euros)
É verdade que os horários escolares, laborais e “os malfadados TPC” não ajudam ninguém. Some-se a isso os ecrãs dos telemóveis, dos tablets e da televisão, que roubam os serões e ainda ocupam a hora da refeição se os pais caírem nessa, e está bom de ver que teremos o caldo entornado. “Creio que as famílias têm de parar para pensar o tempo da sua vida em casa, organizá-lo melhor segundo os ritmos dos seus vários elementos, em vez de consumi-lo com idiotices sem significado, a ver pela enésima vez as notícias”, defende.

 

A ideia de que temos de ser perfeitos só nos põe nos ombros um peso que não merecemos carregar.

E não, não adianta esperarem pela perfeição: isso não existe. A ideia de que temos todos de ser perfeitos só nos põe nos ombros um peso que não merecemos carregar. “Por outro lado, há que interiorizar que temos de estar com os amigos e familiares, vê-los olhos nos olhos”, diz o pediatra. Aprender a esperar e a tirar prazer dessas pausas. “Saber expressar os sentimentos com mímica, palavras, até silêncio, e não por emojis ou smiles.”

 

Uma coisa é certa, garante Mário Cordeiro: pais e filhos só têm a ganhar com alternativas construtivas, que os façam sentir-se valorizados em conjunto, sem se perderem uns dos outros devido a superagendas desajustadas.

IN: DN Life/ Ana Pago

 

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